sexta-feira, 29 de outubro de 2010

DEPRESSÃO, COMUNICAÇÃO E MEMÓRIA NA TERCEIRA IDADE




DEPRESSÃO, COMUNICAÇÃO E MEMÓRIA NA TERCEIRA IDADE

Por: Silvia Damini

Na vida de qualquer ser humano, a comunicação é como um alimento. É ela quem dá o movimento para o corpo. É fundamental para a vida. A mente humana depende do movimento da qualidade comunicativa. As perdas que se dão na velhice, geralmente são cortes na comunicação, e são vistos também na viuvez, quando os filhos vão embora, na falta de amigos, rejeição, desentendimentos e etc. A depressão no idoso ocorre por falta de comunicação. A depressão se dá por perda comunicativa, e essa por sua vez causa falta de memória; pela falta de interesse e é obvio que não guardaremos nada na memória se não tivermos interesse.

Nós vivemos bem em função da comunicação. A comunicação nos fortalece. A perda da afetividade, também, trás perda de comunicação.

A memória é o processo de armazenamento e recuperação de informações no cérebro, básico no aprendizado e no pensamento. A perda da memória (esquecimento) tem quatro explicações: 1) os vestígios mnemônicos vão se apagando de modo natural ao longo do tempo; 2) a memória vai se distorcendo progressivamente e modificando com o tempo; 3) o novo aprendizado interfere e substitui o antigo (inibição retroativa) e 4) a repressão de certas experiências negativas que causam o esquecimento.

As falhas de memória são muitas vezes vistas como sinal de envelhecimento. Entretanto, em se tratando de memória, assim como de inteligência, o funcionamento das pessoas mais velhas varia muito. Vejamos como se processa a memória nas suas diversas etapas:

A memória de curto prazo: Os pesquisadores avaliam a memória de curto prazo pedindo a uma pessoa que repita uma seqüência de números na ordem em que foram apresentados (extensão de dígitos para frente) ou em ordem inversa (extensão de dígitos pra trás). A capacidade de repetir uma seqüência de dígitos para frente se mantém bem com o avanço da idade, mas o desempenho na seqüência de dígitos para trás é tipicamente melhor nos adultos mais jovens do que nos adultos mais velhos. O que explica essa diferença? Uma explicação amplamente aceita é que a memória de curto prazo tem dois componentes, a memória primária e a memória de operação, uma das quais conserva sua eficiência com a idade, ao passo que a outra não.

A memória primária é um tanque de armazenamento passivo para pequenas quantidades de informações recém adquiridas. Se a pessoa não fizer nada que lhe ajude lembrar de um número de telefone que ela recém consultou, por exemplo, ele permanecerá na memória primária por cerca de 30 segundos. Diferenças etárias em tarefas que requerem apenas memória primária são muito pequenas.

A memória de operação não apenas armazena informações mas também a manipula, e acredita-se que sua capacidade de faze-lo se reduza com a idade. Um fator fundamental parece ser a complexidade da tarefa. Tarefas que requerem apenas ensaio ou repetição, mostram declínio muito pequeno. Tarefas que requerem reorganização ou elaboração mostram maior diminuição.

A memória de longo prazo tem três principais componentes: memória episódica, memória semântica e memória procedimental.

Memória episódica:é o componente da memória de longo prazo que mais tende se deteriorar com a idade. A capacidade de recordar informações recém obtidas, em especial, parece diminuir. Uma vez que essa memória está ligada a eventos específicos, recupera-se um item reconstruindo experiência original em sua mente.. ao envelhecer as pessoas são menos capazes de fazer isso, talvez porque se concentrem menos no contexto e assim tem menos conexões para estimular sua memória.

Memória semântica: responsável por guardar o conhecimento de fatos históricos, localizações geográficas, costumes sociais, significados de palavras, e assemelhados. Ela não depende de lembrar quando e onde algo foi aprendido; ela apresenta pouco declínio com a idade.

Memória procedimental: inclui habilidades motoras, hábitos e maneiras de fazer coisas que muitas vezes podem ser relembradas sem esforço consciente.

As mudanças neurológicas, principalmente no hipocampo, bem como os declínios na rapidez perceptiva, podem explicar grande parte do declínio no funcionamento da memória nos idosos .

A visão dos idosos do funcionamento de sua memória pode ser distorcida por expectativas estereotipadas. Em estudos laboratoriais, adultos mais velhos são menos inclinados do que adultos mais jovens a usar estratégias de codificação espontaneamente. O treinamento da memória pode beneficiar os idosos, ajudando-os a lembrar, fazer associações, treinamento de atenção...

A depressão é diagnosticada com mais freqüência em adultos mais jovens do que em adultos mais velhos, e com mais freqüência em mulheres do que em homens. Muitos adultos mais velhos mostram sintomas de depressão, a qual pode não ser adequadamente diagnosticada. Ao contrário da crença popular, a depressão é diagnosticada com menor freqüência na idade avançada. Segundo pesquisas, somente 1 % dos adultos mais velhos sentem maiores distúrbios depressivos num determinado ano, quando comparado com 4 a 5% de jovens e adultos de meia-idade.

Entretanto, os sintomas de depressão são mais comuns entre adultos mais velhos do que entre adultos mais jovens. Muitas pessoas de mais idade sofrem de dores ou enfermidades crônicas, perderam o cônjuge, irmãos, amigos e, às vezes os filhos, tomam remédios que alteram o humor, e sentem que não tem controle sobre sua vida. Qualquer uma dessas condições podem tornar a pessoa deprimida. Estima-se que de 10 a 15% dos idosos que vivem em comunidade, e uma porcentagem muito maior daqueles em hospitais e clínicas de repouso, mostram sinais de depressão.

É provável, portanto, que a depressão não é diagnosticada adequadamente em idosos. Ela pode ser confundida com demência, ou pode ser vista como um acompanhamento natural da velhice. Ela pode ser mascarada por enfermidades físicas, ou as pessoas mais velhas podem simplesmente ser menos inclinadas a dizer que se sentem deprimidas – talvez por crerem que a depressão é um sinal de fraqueza ou que ela irá desaparecer por si mesma. Infelizmente, a depressão que não é adequadamente diagnosticada e tratada pode piorar. Uma indicação de que a depressão é muitas vezes despercebida em idosos é a prevalência de suicídio nessa faixa etária.

Uma forte rede de família e amigos pode ajudar os idosos a evitar a depressão ou encontrar ajuda para ela.

Manter uma vida intelectual satisfatória é uma das maiores garantias de saúde sensorial que alguém pode se dar. Manter a cabeça em funcionamento prolonga a vida e a saúde dos neurônios. Na verdade a atividade mental talvez faça mais do que isso: alguns estudos sugerem que ela pode ocasionar o nascimento de novos neurônios, mesmo na idade avançada.



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