quinta-feira, 19 de maio de 2011

O QUE SÃO OS 5 S's?


Psicologia Organizacional

O QUE SÃO OS 5 S's?

Para aperfeiçoar recursos, otimizar resultados e alcançar qualidade é preciso aplicar conceitos modernos de trabalho. O 5S é um programa. O nome deste programa tem origem de palavras japonesas iniciadas com a letra S. É uma ferramenta de trabalho que permite desenvolver um planejamento sistemático de classificação, ordem, limpeza, permitindo um melhoramento das condições ambientais.

Seus principais benefícios são uma maior produtividade (redução de tempo procurando objetos); redução de despesas e melhor aproveitamento de materiais; melhor qualidade de produtos e serviços; segurança; menor índice de acidentes de trabalho; maior satisfação; melhoria do clima organizacional; produção criativa; motivação e competitividade organizacional.

Essa técnica não se traduz apenas as relações de trabalho. Podem e devem ser aplicadas no cotidiano da vida pessoal e familiar, como por exemplo, em casa, em restaurantes, nos ambientes de lazer, nos banheiros, etc. Elas são aplicadas em um processo de educação e treinamento, atingindo todos os níveis da empresa. É um conceito que precisa ser entendido, incorporado e praticado diariamente.

O 5S é um modo simples de melhorar relações e o ambiente no trabalho, simplificando procedimentos, otimizando recursos e o seu tempo. O resultado é um melhor desempenho profissional e de serviço, com reflexo direto na satisfação de usuários e na produção.

Os 5S’s são classificados em:

· SEIRI = SENSO DE UTILIZAÇÃO: Refere-se à pratica de identificação e verificação de ferramentas e materiais necessários e desnecessários na área de trabalho. Analisar o local e classificar todos os itens de acordo com o critério de utilidade e freqüência do uso. Isto é, manter no local de trabalho somente aquilo que for essencial para a realização do mesmo. Este processo conduz a eliminação de excessos e desperdícios, libera espaço físico diminuindo os obstáculos à produtividade do trabalho.

· SEITON = SENSO DE ORGANIZAÇÃO: Focaliza a necessidade de um espaço organizado. Refere-se à localização determinada das ferramentas, equipamentos, documentos e materiais em ordem, permitindo de maneira funcional um melhor fluxo de trabalho, possibilitando acesso rápido e fácil. O processo deve ser feito de forma a eliminar os movimentos desnecessários. Apresenta benefícios como rapidez e facilidade na busca de objetos, facilidade de comunicação entre todos, controle sobre o que é utilizado e diminuição de acidentes.

· SEISÕ/SEISOU = SENSO DE LIMPEZA: Refere-se à necessidade de manter o mais limpo possível o espaço de trabalho. O foco deste procedimento é lembrar que a limpeza deve ser parte do trabalho diário, e não uma mera atividade ocasional quando os objetos estão muito desordenados. O importante é após utilizar determinado instrumento deixá-lo nas melhores condições possíveis. O objetivo não é apenas limpar a sujeira, mas também os desperdícios e as relações pessoais. Um ambiente onde há franqueza, transparência e respeito é um ambiente limpo.

· SEIKETSU = SENSO DE HIGIENE: Refere-se ao cuidado da higiene própria em todos os níveis: físico, mental e emocional. Isto é necessário para a existência de um bom clima de trabalho, com conforto, segurança e com relações saudáveis entre todos os setores da companhia. Não é só no ambiente físico que as melhorias são necessárias. É preciso ter plena consciência dos aspectos que afetam sua saúde e agir sobre eles. A saúde do ambiente traz satisfação e motivação pessoal, previne e controla o stress, danos, acidentes e melhora a qualidade de vida.

· SHITSUKE = SENSO DE AUTODISCIPLINA: Refere-se à manutenção e revisão dos padrões. Colocar em prática os 4S anteriores, sem descuidar do aperfeiçoamento. É a busca do autodesenvolvimento. Uma nova maneira de trabalhar, não permitindo regresso às antigas práticas. Este último S é o mais complexo, porque é o momento de executar as tarefas como hábitos, sem achar que está tudo funcionando perfeitamente ou que não há mais em que evoluir. Ao contrário, a autodisciplina requer constante aperfeiçoamento: se está bom pode ficar ainda melhor. Traz a conscientização da responsabilidade em todas as tarefas, por mais simples que sejam. Os serviços são realizados dentro dos requisitos de qualidade. Há a consolidação do trabalho em equipe, cumprimento de procedimentos operacionais, concretização da gestão participativa e maior desenvolvimento.

A implantação desse programa é de grande valia às empresas. E, ainda a metodologia de implantação dar-se-á de acordo com cada realidade, como por exemplo, tamanho da empresa, quantidade e comprometimento dos colaboradores. Esse programa não é de início, meio e fim. Ele deve ser permanente buscando a melhoria sempre. Os 5S’s necessitam de persistência e dedicação.

Fica um questionamento: Parece tão simples entender, mas porque é tão difícil fazer?

Para conhecimento: Algumas empresas que adotaram esse programa – Ford, Petrobrás, Brahma, Marcopolo, Azaléia, Fiat, Sesi dentre outras grandes, médias e pequenas empresas.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

SAÚDE OU DOENÇA MENTAL


SAÚDE OU DOENÇA MENTAL

Por: Silvia Damini

Em vários momentos da vida, uma pessoa pode viver situações difíceis e de sofrimento intenso. Isso acontece em situações de muito estresse e, também, de uma desorganização pessoal. Muitas vezes, o indivíduo não percebe como possibilidade pedir ajuda e/ou resolver a situação. No entanto, a pessoa que procura ajuda, busca a superação desse sofrimento, a reorganização pessoal e, também, busca equilíbrio.

O estresse passou a ser responsável pelos males que nos afligem, principalmente aquele relacionado ao estilo de vida urbano atual. Para Bernik, o estresse é um problema econômico e social, de saúde pública, que implica em gastos para o individuo, para empresas e governos.

Para Doublet, a importância do conceito refere-se à sua relação com o adoecimento. Para Posen, o estresse é a causa mais comum de doenças, sendo responsável por aproximadamente 70% das consultas a médicos de família. Nota-se um crescimento de terapêuticas e de programas voltados para o controle do estresse. Além do interesse científico, cresceu o interesse econômico observado, por exemplo, na indústria farmacêutica, com medicamentos de combate ao estresse.

Porém, torna-se indispensável não patologizar o sofrimento, ou seja, enxergar doença em tudo. Pois, situações como estas todos podemos vivê-las e, por isso mesmo, o indivíduo precisa de apoio de sua famílias e de seus amigos. Além desse apoio, o indivíduo pode necessitar de psicoterapia como suporte e compreensão de fatores internos que lhe causam esse sofrimento, levando-o a uma organização pessoal em assuntos relacionados a si e ao mundo.

Alguns indivíduos que passam por esses sofrimentos continuam adaptados, respondem às expectativas sociais e cumprem suas responsabilidades. Contudo, pode-se encontrar pessoas que são consideradas desadaptadas, mas que não vivenciam nenhum sofrimento. Todavia, pessoas que estão em sofrimento agudo podem ser criativas o que nos faz não pensar só na doença, pois elas possuem potencialidades apesar das dificuldades.

Para abordar questões de doença mental é preciso considerar as condições de vida social e a trajetória específica do indivíduo e sua estrutura psíquica. As condições externas, a que uma pessoa é submetida, são determinantes/desencadeadoras da doença mental ou propiciadoras/promotoras de saúde mental, ou seja, é necessário haver possibilidades de realização pessoal do indivíduo em todos os aspectos de sua capacidade.

Normal e patológico são considerados padrões determinados de comportamento ou de funcionamento de um organismo sadio ou da personalidade adaptada. Segundo cada sociedade, o conceito de normal ou patológico é extremamente relativo, pois o que pode ser considerado normal, aceitável para uma pessoa, pode ser anormal para outra, e vice-versa. A questão de normalidade desvelada, a partir de um diagnóstico fornecido por um especialista, pode formar o destino de um indivíduo rotulado. Depois de uma internação, essa pessoa já fica rotulada. Isso deve ser questionado, pois especialistas no assunto, devido a cultura à que estão inseridos, tendem a patologizar aspectos de comportamento que caracterizam mais transgressões de condutas normais, que não são considerados desvios em outro momento histórico. Isso demonstra relatividade no conceito de normalidade.

Muitas vezes, existem divergências referentes ao diagnóstico, pois tanto chamam a atenção pela falta de coesão entre o diagnostico médico e o informado pelos portadores ou familiares, como pela pouca importância que é dada a este fato tão relevante para a pessoa que sofre transtorno mental. A família deve ser elemento participante e essencial, em todo o processo terapêutico e da equipe, como um conjunto de elementos inseridos em movimento da reforma, buscando oferecer uma assistência digna e respeitosa.

Mas se falamos em doença é preciso pensar em seu processo preventivo e curativo. A cura varia conforme o modelo do referencial utilizado. Já a prevenção implica em ações localizadas no meio social, inferindo em condições não promotoras de saúde mental, no sentido de evitar o sofrimento nas pessoas. Pensar nas pessoas como totalidade, ou seja, como ser biológico, psicológico e sociológico, bem como nas condições de vida propiciadoras de bem-estar físico, mental e social.

A representação social da doença é construída pela experiência com a enfermidade, traduzida em expressões de sofrimento, as quais necessitam ser organizadas em busca de sentido, dando a elas significados. É preciso que ocorram profundas mudanças na atenção psiquiátrica, propondo-se tratamentos éticos institucionais e comunitários, concomitantemente a deshospitalização.

Os processos de adoecimento dos transtornos mentais adquirem vida, fundamentalmente, na voz daqueles que compartilham a experiência de identificar, explicar e reagir à doença mental. Por isso, torna-se essencial reconhecer os múltiplos olhares em busca da compreensão da existência humana e das aflições que lhe acometem. A análise sobre o processo de saúde e da doença mental se torna mais completa à medida que reconhece as múltiplas e variadas perspectivas, e a interface estabelecida entre a psiquiatria, psicologia e outros serviços de saúde com a cultura são uma evidência da possibilidade infinita de diálogos e de negociações, em se tratando da percepção da vida e do discurso social.

A doença mental e emocional é um problema de saúde pública, pois muitas pessoas sofrem e são acometidas por essa enfermidade. Quando se fala em doença mental, a imagem que vem a cabeça é a de “louco”, que vive num mundo à parte, não fala coisa com coisa e costuma ter acesso de fúria só controlável por calmantes. É uma visão parcial e marcada pelo preconceito. Muitas pessoas são afetadas por esses problemas, mas pouquíssimas procuram ajuda, boa parte prefere esconder seu sofrimento, com medo de ser estigmatizada, e a maioria nem sequer desconfia de que seus sintomas são de uma doença mental.

A lei estadual nº 9.716 de 07/08/92 vem materializar a visão humanista, não pactuando com práticas de exclusão, de segregação. E uma delas é a exclusão dos “loucos”, jogado nos medievais manicômios. Pois, a internação, além de desconsiderar direitos individuais dos mais elementares, tem como conseqüências à degradação de pessoas, gerando um quadro crônico quase ou irreversível. O distúrbio mental, quase na totalidade dos casos, pode ser tratado sem a internação psiquiátrica, quando necessária pode ser no hospital geral.

A reforma psiquiátrica busca progressivamente a substituição dos leitos hospitalares psiquiátricos por rede de atenção integral em saúde mental, assistenciais de atenção sanitária e social: como ambulatórios, leitos de internação em hospitais gerais, hospitais dias ou noite, centros de convivência, centro de atenção psicossocial. É preciso, também, que as prefeituras formem Conselhos Comunitários de atenção aos que padecem de sofrimento psiquiátrico.

A proposta dos CAIS é da reforma sanitária, ou seja, tratar pessoas nos ambulatórios municipais de saúde, ou seja, uma política de atenção à saúde – exemplo – ambulatório de saúde. Já a proposta dos CAPS é de não falar em patologia, mas de todo o contexto social do indivíduo. É uma política de atenção à saúde mental, com destaque aos portadores de sofrimento psíquico.

Portanto, é preciso uma visão totalizante do social e a busca a explicitação de um compromisso político e social, priorizando as pessoas o acesso a serviços básicos de saúde e/ou saúde mental.

quinta-feira, 17 de março de 2011

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

A aprendizagem é um processo vincular e complexo que se realiza no indivíduo e se manifesta em mudanças de seu comportamento. Para que a dificuldade de aprendizagem seja reconhecida em uma criança, deve-se ter claro o entendimento do que é a aprendizagem e quais os fatores que nela interferem.

O distúrbio de aprendizagem envolve déficits em várias áreas, causando perturbações emocionais, dificuldades de relacionamento e contribuindo para reações dos indivíduos em certos estímulos, manifestadas com etiologias diversas, sintomas emaranhados e diferentes diagnósticos. Freqüentemente, as dificuldades de aprendizagem, são acompanhadas de déficits em habilidades sociais e problemas emocionais ou de comportamento, podendo ser verificado, tanto em critérios de identificação das dificuldades de aprendizagem como em abordagens genéricas do insucesso escolar (Kavale; Forness; Hinshaw apud SANTOS; MARTURANO,1999).

A dificuldade de aprendizagem é um termo que se refere a dificuldades na aquisição e no uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. A proposta do National Joint Committe on Learning Disabilities é que a dificuldade de aprendizagem seja entendida como transtorno que ocorre na aprendizagem escolar, podendo se manifestar na aquisição da leitura, escrita ou aritmética (Fonseca apud DIAS et.al., 2004). Algumas das causas dessas dificuldades são: físicas, sensoriais, neurológicas, cognitivas, sócio-econômicas e emocionais, sendo esta última uma das principais causas que podem dificultar a aprendizagem e refletir diretamente no comportamento.

Entende-se que uma criança com dificuldades de aprendizagem, apresenta irregularidade de comportamento quando comparada ao grupo etário a que pertence. Conforme Stevanato (2003), as crianças com dificuldades de aprendizagem e de comportamento são descritas como menos envolvidas com as tarefas escolares que os seus colegas sem dificuldades Equivale dizer, ainda, que crianças com queixas de dificuldade de aprendizagem, quando comparadas às crianças com bom desempenho escolar, apresentam diferenças significativas quanto à produção: comportamento, capacidade de organização, atenção, iniciativa, decisão, comunicação e interação espontânea; e quanto à percepção, baixo senso de auto-eficácia (MEDEIROS et. al, 2003).

Segundo Schunk (apud MEDEIROS et. al.,2000), existem quatro principais formas de influência sobre o desenvolvimento da auto-eficácia: a) experiências significativas, cujos resultados levam ao sucesso ou ao fracasso, o que aumenta ou diminui o senso de auto-eficácia; b) experiências através do outro, como observações sociais e avaliação do desempenho dos outros; c) persuasão social, ou seja, avaliações recebidas dos outros; e d) os estados psicológicos associados a emoções positivas ou negativas que influenciam na maneira como as situações são percebidas. A partir disso, entende-se que o rebaixamento da auto-eficácia influenciará diretamente no autojulgamento da criança quanto à capacidade de desempenho em atividades específicas, na escolha de atividades, na motivação e na quantidade de esforço investido por ela em suas tarefas. Assim, a criança poderá abandonar essas tarefas, caso se sinta ineficiente para realizá-las.

Os conceitos de sucesso e de fracasso são, na maioria das vezes, aprendidos na escola, pois é nesse ambiente que a competência da criança é avaliada pelos adultos e por ela mesma. O sucesso aumenta a auto-estima, proporciona novas experiências e influencia todas as atividades que a pessoa pratica, na forma como vê o mundo e na sua própria auto-avaliação. Já o fracasso paralisa, gera frustração e o crescimento fica estagnado. As dificuldades comportamentais e emocionais influenciam problemas acadêmicos e estes afetam os sentimentos e comportamentos da criança.

O que preocupa é que, além das crianças se auto-avaliarem, a escola também as avalia, tendendo a enfatizar as comparações sociais com base no rendimento escolar. Neste sentido, Renick e Harter (apud OKANO et al, 2004) relataram que o processo de comparação social é de grande importância na formação da autopercepção dos estudantes com dificuldades de aprendizagem no que se refere à competência acadêmica. Desse modo, a experiência escolar tem um papel crucial na formação das autopercepções das crianças. Por isso, crianças com dificuldades de aprendizagem podem apresentam um autoconceito negativo, apenas no domínio acadêmico, classificando-se como menos competentes frente às habilidades escolares, não diferindo das crianças sem dificuldades de aprendizagem em outros contextos.

Os déficits específicos da dificuldade demonstram a base de conhecimentos empobrecida na criança. Essas dificuldades, por sua vez, levam a déficits estratégicos na motivação e no esforço para a aprendizagem, como também, ao aumento da percepção de inadequação e baixa auto-estima na criança (Gerber apud BERNARDES DA ROSA et al, 2000). Com isso, ao fracassar na escola, o aluno tende a pensar que fracassará em tudo na vida. O mau-desempenho deste, aumenta a ansiedade já existente e interfere no seu autoconceito, ou seja, na imagem que ela possui de si mesmo e passa para os outros, e em quem acredita que é. Portanto, a incompetência pessoal, sentimentos de vergonha, baixa auto-estima e de autoconfiança podem conduzir à falta de motivação, afastamento das demandas de aprendizagem, crises de ansiedades e estresse, caracterizando problemas emocionais. Já os sentimentos de frustração, inferioridade, raiva e agressividade diante do fracasso escolar podem resultar em problemas comportamentais, tais como resistência em ir à escola, conduta mais agressiva, dificuldade de atenção e concentração e etc. (Roeser; Eccles apud STEVANATO, 2003).

As crianças que apresentam dificuldades comportamentais, além de dificuldades de aprendizagem, podem apresentar um autoconceito mais negativo que aquele que apresentam apenas dificuldades de aprendizagem. Esse conceito mais negativo aparece pelo fato de essas crianças receberem uma desmotivação do ambiente, não só em relação ao contexto acadêmico, mas também em relação ao contexto social. Sendo assim, a experiência escolar tem um papel fundamental na formação das autopercepções das crianças. Neste sentido, crianças com dificuldades de aprendizagem apresentam um risco elevado de terem um autoconceito negativo, particularmente quanto à área acadêmica (Elbaum; Vaughn apud STEVANATO, 2003) . As dificuldades comportamentais e emocionais, por sua vez, influenciam problemas acadêmicos, e estes afetam os sentimentos e comportamentos da criança. Quanto maior se torna a expectativa e valorização da escola pelos pais, mais penalizada fica a auto-estima das crianças, numa situação de insucesso escolar.

O mau desempenho aumenta a ansiedade já existente na criança, causando prejuízos familiares. Além disso, os pais podem se sentir envergonhados e incompetentes, muitas vezes manejando erroneamente a educação dos filhos. Marturano et.al. (apud PARREIRA, MARTURANO, 1996) encontraram indícios de enfrentamento inadequado de situações cotidianas (hostilidade, resistência e normas) e relações deterioradas entre a criança e seu ambiente, sugestivo de tensões familiares. Contudo, é importante considerar a função que essa criança desempenha na família, como lida com a ansiedade e como recebe as mensagens envoltas nos discursos de sua família.

Por fim, ressalta-se que diante da necessidade de aprender, há uma dificuldade em aprender, o que está diretamente associado a sentimentos de incapacidade, angústias, baixa auto-estima e baixo senso de auto-eficácia, refletindo diretamente nas autopercepções, autojulgamentos da criança. Embora não se tenha uma idéia relevante e clara sobre a natureza das dificuldades de aprendizagem, não se pode desconsiderar os problemas emocionais e comportamentais envolvidos nessa situação. Esses problemas relacionados a aprendizagem, não podem ser devidamente entendidos somente sob a perspectiva daquela criança que não aprende e tem dificuldades, mas também, a partir de outros contextos, como por exemplo, escola, família, e ao grupo etário a que pertence.


segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

CÂNCER E DEPRESSÃO

Por : Silvia Damini

Sabe-se que as exigências sociais e psicológicas estão, cada vez mais, associadas ao desenvolvimento do câncer. Dois principais fatores podem estar relacionados a um risco aumentado do câncer: primeiramente, a perda de uma relação importante (frequentemente pai, mãe, filho ou cônjuge) e, em segundo, uma grande inabilidade em expressar sentimentos (hostis, irritáveis, etc.) ou uma liberação inadequada da emoção.

Entre esses sentimentos de perda de relações, o luto parece desempenhar papel preponderante. Publicações estabelecem relações entre sentimentos de perda, vergonha, desesperança ao surgimento de linfomas, leucemia e outros tipos de câncer. Sentimentos tais como a perda de uma relação significativa, a incapacidade de expressar sentimentos hostis, uma importante tensão em relação a uma figura parental, sentimentos de desamparo e de desesperança, frequentemente, se associam ao surgimento do câncer.

Os fatores psicossociais de risco no desenvolvimento do câncer, segundo alguns autores, distinguem-se em indiretos e diretos: os Fatores Indiretos (psíquicos) são definidos como as atitudes psicossociais da pessoa que conduzem à probabilidade de câncer aumentada, dependendo pois, dos traços de sua personalidade e da maneira de reagir à vida, relativamente independente dos estressores do cotidiano. Já os Fatores Diretos (sociais) seriam os estressores psicossociais propriamente ditos, que induzem as reações psicológicas que podem conduzir aos transtornos físico-imunológicos do organismo.

Uma das principais investigações em relação aos fatores de risco psicossocial na mortalidade por câncer, foi realizado por Grossarth et al.(1985). Ele procurou corroborar um estudo anterior de Kissen (1963). Esse autor postulou que os pacientes com câncer de pulmão apresentavam uma típica tendência a suprimir suas emoções e seus conflitos. Por causa disto eles teriam uma saída muito dificultada para a descarga emocional.

Na trajetória do câncer, a ansiedade se manifesta precocemente, mesmo durante os diversos momentos do diagnóstico. Depois, continua durante o tratamento e pós-tratamento. Sabe-se, que a ansiedade pode comprometer significativamente o sucesso do tratamento. Portanto, atender às questões emocionais do paciente corresponde a melhorar substancialmente o tratamento clínico.

Os pacientes podem começar a experimentar ansiedade moderada ou severa, enquanto esperam os resultados dos exames de diagnóstico. Para os pacientes que estão recebendo o tratamento, a ansiedade também pode aumentar a possibilidade de sofrer mais dor, bem como uma série de outros sintomas, desde a angústia e depressão, até as incoercíveis náuseas e vômitos agravados pelas emoções.

Tem-se demonstrado que a ansiedade independentemente de seu grau, pode reduzir substancialmente a qualidade de vida dos pacientes e de suas famílias, podendo ainda favorecer a morte prematura. Assim sendo, a atenção terapêutica da ansiedade é umas das medidas fundamentais durante o tratamento do câncer.

A ansiedade, como atitude psico-fisiológica, pode ser parte da adaptação normal da pessoal à sua doença. Na maioria dos casos, as reações de ansiedade mais intensas são limitadas no tempo (circunstancias) e acabam sendo até benéficas, no sentido de motivar pacientes e familiares a procurar medidas de alívio, como por exemplo, obter mais informações sobre os benefícios do tratamento, novas atitudes diante da vida, etc. Entretanto, as reações de ansiedade que se prolongam por muito tempo ou são muito intensas podem comprometer a adaptação. Nesses casos, elas se classificam como Transtornos de Ajustamento.

Estes transtornos podem comprometer a qualidade de vida e dificultar a capacidade de funcionamento social e emocional do paciente com câncer. Nessa fase, a ansiedade requer intervenção terapêutica. Os pacientes com câncer podem manifestar alguns outros transtornos de ansiedade, como por exemplo: Transtorno de Ajustamento; Transtorno de Pânico, Transtorno fóbico-ansioso. Transtorno Obsessivo-complusivo, Transtorno de Estresse Pós-traumático, Transtorno de Ansiedade Generalizada.

Outra atitude importante no cuidado de paciente com câncer é, exatamente, saber reconhecer quando eles necessitam de tratamento para depressão. Basicamente, todos os pacientes com câncer sentem tristeza e pesar de forma periódica durante alguma fase de sua doença, seja no diagnóstico, durante o tratamento e/ou depois dele. Inicialmente, quando se comunica ao paciente que ele tem câncer, a primeira reação emocional é de descrença, rejeição ou desespero. Nessa fase ele pode ter problemas de insônia, perder o apetite, sentir-se angustiado e estar preocupado com o futuro. Esses sintomas podem diminuir conforme, a pessoa vai se acostumando com o diagnóstico.

Um dos sinais importantes de que a pessoa tem melhor aceitação de sua doença é a manutenção de sua capacidade para continuar participando das atividades diárias e sua habilidade para continuar cumprindo o seu papel social, de cônjuge, pai, mãe, funcionário, etc, incorporando as sessões de tratamento em seu esquema de vida cotidiano. As pessoas que demoram muito em aceitar o diagnóstico e que perdem o interesse em suas atividades diárias podem estar sofrendo de depressão.

Uma preocupação importante é em relação aos pacientes que não demonstram sintomas óbvios e típicos de depressão. Esses terão uma serie de manifestações emocionais patológicas não só extremamente molestas, como também, capazes de inferir negativamente na evolução do tratamento.

Tanto os indivíduos como os familiares que enfrentam um diagnóstico de câncer experimentam diversos níveis de estresse e de perturbação emocional. O medo da morte, alteração dos planos de vida, mudanças na imagem corporal, abalo na auto-estima, mudança na situação social e no estilo de vida, assim como preocupações econômicas e ocupacionais são assuntos importantes na vida de qualquer pessoa com câncer.

Existem muito mitos sobre o câncer e de maneira como as pessoas o enfrentam. Alguns desses mitos seriam, por exemplo: todas as pessoas com câncer estão deprimidas; a depressão numa pessoa com câncer é normal; os tratamentos antidepressivos não ajudam a depressão no câncer. A psicoterapia de apoio é um tratamento eficaz para recupera a auto-estima e ameniza o sofrimento de pacientes com câncer submetidos à cirurgia. Além de trabalhar os fatores psicológicos, a psicoterapia de apoio contribui para esclarecer dúvidas e quebrar alguns mitos e estigmas que envolvem a doença. Em geral, o paciente quer saber quais são as chances de cura e os riscos que a cirurgia oferece. É um tratamento emergencial, que ajuda a combater o medo e a angústia antes e depois da operação.