domingo, 4 de julho de 2010

PROBLEMAS DE RELACIONAMENTOS: O QUE FAZER?




Por: Silvia Damini

Problemas de relacionamentos: o que fazer?

Amar é escolher voluntariamente amar ... Se apaixonar é ser escolhido momentaneamente pelo amor”

Atualmente, homens e mulheres têm reclamado dos atuais companheiros ou da falta de alguém bacana para se relacionar. O relacionamento entre as pessoas se dá através da forma como elas se tratam e se comunicam. Portanto, para que o relacionamento seja bom e harmonioso, por vezes, fazem-se necessárias algumas mudanças e certo grau de flexibilidade.

Muitos dos problemas de relacionamentos coexistem por falta de flexibilidade dos parceiros e da dificuldade de comunicação entre ambos, causando julgamentos errôneos baseados em crenças que temos sobre nós mesmos, sobre o outro e sobre o mundo. Os problemas de comunicação, na relação, geram algumas frustrações, desapontamentos, desentendimentos repetitivos e até mesmo um desânimo da vida a dois. Embora, os parceiros acreditem falar a “mesma língua”, a mensagem que procuram passar nem sempre é da maneira como o outro a recebe. Sabe-se que a escuta do outro é influenciada por diversos fatores como, por exemplo, o modo como ele pensa, o modelo de relacionamento que aprendeu ao longo da vida, a forma como vê a si mesmo, seu grau de expectativa, dentre outros. Por esses motivos, muitas vezes ocorrem mal-entendidos, julgamentos e conclusões erradas. No entanto, quando essas questões são resolvidas, o relacionamento ganha força.

Dessa forma, a psicoterapia pode ser um essencial instrumento de ajuda ao indivíduo, fazendo-o pensar de forma mais funcional, sem tantos erros de interpretação e, consequentemente, a ser mais assertivo. Com pensamentos mais claros e uma eficaz comunicação, ocorrem menos desentendimentos, gerando mais prazer e segurança na relação. O diálogo, a abertura à mudança, o afeto geram aproximação do casal, portanto, a terapia pode ser muito útil na solução dos conflitos e recuperação das relações.

O diálogo sempre se faz necessário para a resolução de problemas. Deixar as coisas acontecerem, sem resolução ou sem uma conversa sobre o assunto é um descaso enorme com a própria relação. É preciso respeitar a si mesmo e pensar formas de mudar ou melhorar a situação. Como não se pode mudar o outro, faz-se necessário que essa mudança comece pela própria pessoa.

Como o ser humano é um eterno aprendiz em matéria de relacionamento, existe a necessidade de buscar alguém para compartilhar os mais diversos momentos da vida. Cada relação é única, imprevisível e exige constante evolução, transformação e superação de obstáculos. A simples presença física do parceiro não satisfaz a necessidade e desejo de estar com alguém. É muito mais que isso, é a satisfação pessoal de projeções existente na relação com a pessoa idealizada. Sabe-se, portanto, que as necessidades afetivas se encontram aquém ou além da atração física, pois a escolha do pessoa amada se dá através de influências inconscientes e instintivas.

Na relação amorosa ocorre o encontro de pessoas distintas e únicas, isso porque cada pessoa cresce num ambiente diferente, com estímulos diferentes, tem sua própria história e é singular na forma como vê, sente e reage. Embora em alguns aspectos se pareçam, cada um é essencialmente distinto. Contudo, deve-se ter a despretensão de achar que se conhece e/ou conhece o outro completamente, pois o ser humano vive um constante processo de desenvolvimento e transformação. Saber que a pessoa que amamos precisa ser conhecido o tempo todo, ajuda na compreensão de tantas dificuldades que surgem nos relacionamentos.

Para que uma relação seja satisfatória e estável necessita de investimento afetivo, valorização do outro e dos seus sentimentos, capacidade de compartilhar angústias e anseios, bem como visualização dos conflitos existentes como oportunidade de desenvolvimento pessoal, ou seja, busca constante pelo autoconhecimento. Muitas vezes, o ser humano é levado a agir impulsionado por seu inconsciente, tendo a impressão de que sabe o que faz, mas na verdade há um conhecimento incompleto e insuficiente de si próprio e dos motivos que o fazem agir. Nesse contexto, quando a pessoa está apaixonada, tende a acreditar que encontrou sua “alma gêmea” capaz de satisfazer todas suas aspirações amorosas. No entanto, são projeções inconscientes da própria pessoa na pessoa amada. Isto é, cada indivíduo projeta no outro características de sua própria personalidade, o que determina uma visão irreal do parceiro, ou seja, ele enxerga no outro características que na realidade são suas e não da pessoa com a qual se relaciona. As reais características do parceiro vão estar obscurecidas pelas expectativas e ilusões de sua imaginação.

Com o decorrer do tempo, a projeção sobre a pessoa idealizada começa ser retirada e o outro começa a surgir. Dessa forma, cada parceiro começa a ver o outro de uma forma mais real, identificando elementos que tinham passado despercebido. Essa confrontação origina alguns conflitos que terão influências no relacionamento. Porém, sabe-se que é uma etapa de fundamental importância para a relação, pois determinará a continuidade ou não do relacionamento, de modo mais profundo e maduro. Claro, que não se pode esquecer, que a maturidade psicológica e o autoconhecimento de cada indivíduo também tem grande parcela de contribuição na tomada dessa decisão. Portanto, faz-se necessário se conhecer e, também, dar oportunidade e espaço para que o parceiro se “revele”. Dessa forma, a compreensão da dinâmica do relacionamento, torna-se mais compreensível, pois o ser humano precisa do outro para se conhecer e amadurecer.

Por ser dinâmico, o relacionamento, muitas vezes, pede mudanças, transformações e aprofundamento dos conflitos, demonstrando sinais de esgotamento. A experiência de viver requer que habilidades sejam desenvolvidas na direção da resolução de conflitos, porque estes são inevitáveis. A relação amorosa traz a oportunidade de um aprendizado contínuo, sobre o outro e sobre si mesmo, diante das experiências agradáveis, mas também através dos empecilhos que vão surgindo.

Para enfrentar os problemas e encontrar soluções é necessária muita criatividade. Rompimentos e reconciliações podem fazer parte desse processo e são, em grande parte dos casos, dolorosos. Porém, é preciso lembrar que cada relação é única, da mesma forma que cada indivíduo é único. Desse modo, a relação continuará em construção enquanto cada parceiro sentir que vale a pena investir na mesma.

Portanto, o relacionamento entre duas pessoas que se amam merece o trabalho individual de autoconhecimento, merece que cada um busque em si, em primeiro lugar. Se optarem pelo rompimento, terão uma estrutura interna capaz de superar o sofrimento causado por essas circunstâncias e, não se sentirão paralisados no medo de sofrer e de se entregar para um novo amor, na busca de um encontro feliz e satisfatório.