sexta-feira, 13 de agosto de 2010

ADOLESCÊNCIA: PAIS X FILHOS


ADOLESCÊNCIA: PAIS X FILHOS


Por: Silvia Damini

A adolescência é uma importante fase evolutiva na vida do ser humano. É um período de transformações radicais e profundas, na busca de uma nova forma de si e do mundo. Ocorre uma reedição do desenvolvimento infantil visando definir o caráter social, sexual, ideológico e vocacional.

Esse processo ocorre dentro de um tempo individual, ou seja, para uns começa mais cedo, para outros mais tarde. Há uma constante oscilação entre a posição do adulto – a qual se apega para reivindicar uma série de concessões – e a de criança, para evitar outras tantas responsabilidades. Portanto, essa fase, torna-se difícil para pais e filhos.

Caracterizada por uma fase intermediária, no ciclo de vida, entre ser criança e ser adulto são comuns comportamentos extremos: euforia ou apatia, dependendo do dia, da hora e da situação. O adolescente, por muitas vezes, tem uma postura exagerada, argumenta com violência, grita, arma confusões, ri, chora e se aborrece quando suas idéias não são compreendidas pelos pais.

Amadurecer é um ato complicado. De um lado está o jovem e do outro os pais receosos com os caminhos e as escolhas de seus filhos. Existe uma barreira que os separa e precisa ser quebrada. Antes de tudo, é preciso fortalecer o vínculo. O jovem deseja sim ter um contato próximo com os pais e saber quais devem ser os seus limites, embora sua atitude seja de quem não admite nenhum limite ou interferência na sua própria atuação.

O adolescente precisa sentir a confiança dos pais, porém essa confiança não significa abandonar o jovem à própria sorte para fazer tudo o que quiser e puder. Ele próprio não deseja isso, pois sabe que não está preparado para decidir sua vida. É importante saber dosar concessões e restrições, como há momentos em que é necessário dar maior liberdade, oferecer oportunidades para que tome decisões, atribuindo-lhes tarefas nas quais possa testar a si próprio. Procurar escutar com sensibilidade e sem preconceitos. A arma ideal é o diálogo. Essa iniciativa ajuda o adolescente a tornar-se mais seguro, menos confuso e mais consciente.

Quando os pais tentam impor suas idéias e não escutam o que os filhos têm a dizer, só faz com que eles se afastem. Para o jovem é importante que a família perceba seu crescimento, porém é indispensável que continue recebendo apoio, carinho, estímulo e correção. Essa fase poderá ser superada com maior ou menor facilidade, dependendo das atitudes dos pais, não só na adolescência, mas antes dela.

Na adolescência há descoberta do mundo exterior e do outro. É a época de definição de sua personalidade, da busca pela independência dos pais, buscando formar sua própria vida. Entra em conflito, na medida em que os pais não o compreendem, destruindo o modelo de perfeição dos mesmos. Surge a fase dos grupos heterossexuais.

No nível físico, caracteriza-se pelo desenvolvimento do corpo e amadurecimento sexual. Sob o ponto de vista psicológico, notam-se características de insegurança e indefinição. Há, também, grande desenvolvimento intelectual. Busca todo tipo de relacionamento humano, convívio social. Começa ter uma visão crítica das coisas, e a enxergar que nem tudo é tão perfeito. Por pequenas coisas muda constantemente de humor, não tem ainda um controle de suas emoções. Por isso consegue ser, muitas vezes, inconveniente sem perceber. Agride por pequenas coisas pais e colegas. Imagina-se por vezes rejeitado, agredido, como a pior pessoa do mundo; outras vezes, incoerentemente, com necessidade de afirmação, acha que é melhor e a mais fantástica pessoa do mundo.

O adolescente necessita ser aceito da maneira que ele é, com todas as suas instabilidades, com todos seus problemas, com essas mudanças de humor. É uma época de incertezas; não sabe o que vai ser que característica física vai ter, que profissão vai seguir e se vai encontrar sua “alma gêmea”. Tudo é muito inseguro para ele. São muitos os problemas que passam por sua cabeça. É muito difícil se decidir, não tem condições mas precisa decidir. Então, muitas vezes, a criança que ainda esta nele, revive e, então, ele tem aquela atitude de irresponsabilidade total. Nem sempre os pais compreendem essa mudança, pois no momento em que o adolescente está com o quarto todo desarrumado, e os pais querem que ele assuma a responsabilidade é dito: “Você não é mais criança”. Porém, no momento em que ele quer se divertir, realizar-se em outro nível, chegar mais tarde em casa, há apelo para outro argumento: “Você ainda é uma criança”.

Isso é um drama sério e vai se criando uma barreira entre pais e filhos. Se ele não encontra apoio na família, tentará encontrar apoio fora do lar, e pode chegar à marginalização. Portanto, é necessário que ele assuma responsabilidade gradativamente. Ele assume quando se sente aceito, quando se confia nele, pois os preceitos básicos, as normas essenciais, a base familiar já foram dadas a ele no decorrer das fases anteriores, estão dentro dele, apenas não os põem em prática. No momento em que passar a sua insatisfação, concretizar sua auto-afirmação, passar pela adolescência, seu comportamento normalizará. Ai ele se tornará o filho que se “espera”.

Bibliografia consultada: “Trocando Idéias” – Maria Helena de Brito Izzo


quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O QUE É TRANSTORNO BIPOLAR?


Por: Silvia Damini

O QUE É TRANSTORNO BIPOLAR?

O Transtorno Bipolar é uma doença antiga, o qual era classificado como uma “psicose maníaco-depressiva”. Atualmente, atinge de 3% a 6% da população mundial. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) está entre as dez principais doenças que tornam a pessoa incapaz de trabalhar.

De acordo com o DSM-IV e pelo CID-10, o transtorno bipolar ou distúrbio bipolar é uma forma de transtorno de humor, caracterizado pela variação extrema do humor entre uma fase maníaca ou hipomaníaca, hiperatividade e grande imaginação, e uma fase de depressão, inibição, lentidão para conceber idéias, e ansiedade ou tristeza, intercalando com períodos de normalidade.

É um transtorno cerebral que causa oscilações fora do comum no humor, na energia e na capacidade de funcionamento de uma pessoa. É uma doença genética em sua origem, porém têm características psicológicas em sua vivência. Sofre influência de fatores de estresse e têm importantes conseqüências psicossociais, interpessoais e de diminuição da qualidade de vida. Quase sempre um distúrbio bipolar é detonado por uma situação social ou pessoal crítica, estresse, briga na família, perda de emprego, crises financeiras.

Hoje, “ser bipolar” se transformou num termo popular. Por se tratar de um distúrbio no humor, as pessoas pensam que “isto passa”, imaginam que seja uma indisposição passageira, interpretam como depressão ou até má vontade. Mas, a doença é mais grave do que se pensa e a pessoa sofre muito com ela. Os desequilíbrios provocam uma instabilidade que produz crises entre depressão e euforia, entre alegria e tristeza. Há momentos mais leves e outros mais graves. As crises podem durar semanas ou meses. Portanto, não se deve confundir o Transtorno Bipolar com alterações de humor motivadas por dificuldades cotidianas estressantes, pois estas são momentâneas e tendem a desaparecer quando as dificuldades são resolvidas.

A mudança do comportamento de euforia para a depressão e vice-versa é súbita. Quando a pessoa vive momentos de alegria extrema, ela perde o sentido crítico e, a capacidade de avaliação objetiva das situações fica prejudicada. A pessoa se mostra autoconfiante, inquieta, ansiosa, agressiva, tem sensação de poder e otimismo exagerado. Pode passar a comprar sem limites, abusar de álcool, de drogas, sexo e jogos de azar. Isto tudo porque a pessoa tem um aumento de energia que aquece as atividades físicas, mentais e sexuais.

Quando a pessoa tem crises depressivas passa a ter medo de sair de casa, têm crises de choro, dificuldades para dormir ou para acordar e falta de apetite. Vive apreensiva, aborrecida, isola-se dos amigos, da família e, muitas vezes, pensa em suicídio. A negatividade faz a pessoa sentir culpa, desamparo, indecisão, pessimismo e indiferença.

O conhecimento da doença é fundamental para que a família e a sociedade possam acompanhar o doente com sucesso. A doença é sentida mais em uma fase negativa, por isso normalmente é tratada como depressão. Entretanto, as duas doenças são bem diferentes. A depressão tem cura e tratamento, mas o Transtorno Bipolar é incurável. O desconhecimento e a falta de informação a respeito da doença são elementos de grande complicação para o tratamento correto.

Esse transtorno se manifesta tipicamente no final da adolescência ou inicio da idade adulta. Entretanto, algumas pessoas têm seus primeiros sintomas durante a infância e algumas apresentam mais tardiamente na vida. O diagnóstico é feito com base nos sintomas, na evolução da doença e quando disponível na história familiar.

Sua principal forma de tratamento é uma combinação de medicamentos estabilizadores de humor com psicoterapia. O papel da psicoterapia no tratamento é enorme e indispensável, pois a doença é crônica, e necessita de acompanhamento para a melhoria e manutenção da qualidade de vida.